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Macapá, Amapá
DIRETO DA REDAÇÃO, junho de 2008 - ESTA PÁGINA NÃO POSSUI QUALQUER VÍNCULO COM O PROGRAMA ROTA 16 - msn: carloslima-dr@hotmail.com (esteja em contato com o jornalismo responsável)

Estamos em um mundo competitivo. Prevalece a lei do mais esperto. Mas esperteza não é sinônimo de irresponsabilidade, sobretudo, no jornalismo. No Estado Democrático de Direito, três poderes ditam as normas: Legislativo, Judiciário e Executivo. Cada um tem seu papel dentro da sociedade. Muito se fala da mídia como o 4º poder ou até mesmo o 1º pela sua função fiscalizadora.


Se pensarmos dessa maneira, diríamos que nós jornalistas temos nosso papel na sociedade, assim como os três poderes constitucionais. Certamente, não nos caberia executar, nem legislar, e tão pouco julgar, pois a justiça já o faz. O jornalismo que julga dantes mesmo de alguém ser levado a júri é dito como Marrom. A postura se baseia na espetacularização e na banalização, ofende a honra e agride a moral alheia. Torna-se tão criminoso e nocivo à sociedade quanto o adolescente com problemas sociais.

Caso Konishi


Mais um crime sem respostas

Mesmo com a prisão do réu confesso, a Polícia Civil e a promotoria ainda não têm detalhes sobre como o crime foi executado, nem sobre a motivação do assassino

A polícia não soube traçar o perfil psicológico do criminoso, nem informou à sociedade quais os motivos que levaram o jovem Wellington Luis Raad Costa, de 18 anos, a matar uma família inteira. Na última sexta-feira (14), delegados e promotores chegaram ao réu confesso do triplo homicídio, no entanto, os pontos cruciais do crime que dizem respeito à dinâmica da chacina não foram elucidados. O mistério ainda ronda a morte da família Camargo, sobretudo, em relação aos detalhes dos últimos instantes de vida da família e à motivação do assassino. Wellington Raad alega que sofreu colapso de memória e não se lembra do que ocorreu dentro da residência na noite do crime. A reconstituição foi iniciada ontem pela manhã, mas o réu manteve a mesma postura de não colaborar.

A Polícia Civil e a Promotoria de Investigações Cíveis e Criminais (Picc) do Ministério Público Estadual pediram a prisão preventiva de Wellington Raad na última quinta-feira (13). A justiça acatou o pedido com base em parecer técnico da Polícia Científica (Politec), que comparou fragmentos papilares (impressões digitais) do acusado na cena do crime e constatou que ele esteve no local. O detalhe importante é que a marca na parede, deixada pelo assassino, continha além de suor, vestígios de sangue. Na sexta-feira (15), o jovem confessou à Picc ter matado a advogada Caroline Camargo Rocha Passos, de 32 anos, a menina Vitória Konishi, de 11, e o amigo Marcelo Konishi, de 17 anos, sem ajuda de ninguém.

O primeiro contato do suspeito com a investigação foi feito na última quarta-feira (12) pela promotoria. A conversa do acusado com o promotor Flávio Cavalcante ocorreu após o depoimento da namorada de Marcelo Konishi, que disse ter certeza de que Wellington foi a última pessoa a ter contato com as vítimas. A primeira conversa com o suspeito perdurou até altas horas da madrugada, mas não ajudou no inquérito. Questionado sobre a lesão da mão esquerda, o jovem afirmou que não se lembrava de nada. Os depoimentos foram acompanhados de perto pelo tio de Raad, ex-jogador Aldo do Espírito Santo, pela tia Tânia, e o advogado.

Confissão

Convencido de que o tio Aldo estaria ao seu lado durante o processo, e com a condição de não se exposto à imprensa, Wellington chamou seus familiares e advogado para fazer a primeira declaração de culpa, formalizada em seguida diante da promotoria. De acordo com o promotor, Flávio Cavalcante, o homicida afirmou que executou as três vítimas sem ajuda. A confissão reforça o resultado de exames preliminares realizados pelo corpo de papiloscopistas na cena do crime, mas levanta outras dúvidas sobre uma segunda pessoa envolvida no crime. Fragmentos digitais de outros indivíduos, além de Wellington, também foram colhidos pela perícia no quarto e estão sendo analisados. Pelo menos mais um forte suspeito existe no inquérito que será levado a diante pelos delegados e promotores.

Colapso de Memória

Roberto Prata afirmou que a partir dos laudos periciais resultantes de exames no quarto descobriu-se que o jovem esteve lá e seria o autor do crime. Wellington prestou declarações inseguras e duvidáveis nos três depoimentos oficiais à Picc. Até que no último, ele confessou, mas alegando ter sofrido um colapso de memória. O instante em que ele chegou à casa de Carol Camargo na noite do crime até o momento em que chegou a sua residência para dormir parece ter sido apagado. Mesmo com a prisão e a confissão, pontos chaves de interesse geral como o modo de execução e toda dinâmica na casa na noite do crime viraram uma incógnita, mas poderão ser revelados ou não durante as tentativas de reconstituição. A Polícia Civil através dos delegados Celso Pacheco, Roberto Prata e Alan Moutinho declara que o processo de investigação não se encerra com a prisão. “Serão encontradas respostas para todas as perguntas”, frisou Prata.

Linhas de investigação

O caso Konishi é visto como uma das mais árduas investigações dos últimos anos. O suporte técnico bem elaborado pela Politec é a única prova consistente que incrimina e sustenta a prisão de Wellington. Detalhes como o depoimento da namorada de Marcelo e a própria confissão não convencem a sociedade e não seriam consistentes no tribunal sem a parte pericial. O caso, embora difícil, começou a ser elucidado em menos de 72 horas após a descoberta do crime. A Polícia Civil e o Ministério Público uniram forças em várias linhas de investigação. O latrocínio foi a primeira hipótese sugerida devido ao desaparecimento de alguns objetos pessoais das vítimas. A vingança também foi especulada pelo número de golpes na menina que chegou a mais de 40. O latrocínio foi descartado quando a polícia encontrou o videogame de Marcelo no bueiro da avenida 1º de Maio, no bairro Buritizal.

Cena do crime

A perícia informou que a cena do crime foi mantida sob total isolamento durante todo o processo de colhimento de vestígios. De acordo com o perito, Emanuel Pena, novos fragmentos eram encontrados em cada visita ao local da chacina, por isso a necessidade de mantê-lo isolado. Promotor Flávio Cavalcante, da Promotoria de Investigações Cíveis e Criminais (PICC), Peritos Criminais, e os delegados Celso Pacheco (GTA), Roberto Prata (Homicídios), Alan Moutinho (DCCP) prometem responder a todas as perguntas sobre a execução.

O caso

A Polícia Civil começou a investigar chacina na manhã de terça-feira (11), quando tudo foi descoberto. O crime ocorreu na casa da família no bairro Jardim Equatorial. A polícia ainda segue na mesma linha de que mais de uma pessoa executou o crime. Durante depoimento, o acusado disse que chegou à casa de Carol por volta de 20 horas, mas ficou somente por meia hora no máximo e depois saiu. Nesse intervalo, ele teria ido tomar banho em seguida passeou com a namorada. Ele disse que dormiu quando voltou do passeio e algumas horas depois foi à casa de Marcelo em seu próprio veículo. Wellington se lembra de ter colocado música alta no carro e em seguida desceu para apertar a campainha. Pela manhã, a empregada da casa encontrou a tragédia consumada. Wellington acordara em sua residência com as mãos machucadas sem se lembrar dos momentos dentro da residência.

Paternidade

Wellington Raad é estudante universitário de faculdade particular, filho de grande empresário. Repreendido e expulso de casa pelos pais por suposta homossexualidade, ele procurou abrigo na casa da tia de prenome Tânia e do tio Aldo do Espírito Santo. Os dois o acolheram como se fosse filho legítimo e lhe deram casa, compreensão e conforto.

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