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UFMG realizou seminário sobre jornalismo independente, que palestrantes afirmam não existir!

Heitor Reis (*)

Estive presente ao Seminário Jornalismo Independente – liberdade de imprensa, direito à informação e democracia no Brasil, realizado pela UFMG, na tarde de hoje (27/05/2009), no auditório da Reitoria.

Presentes na mesa dirigida pelo reitor Ronaldo Pena, Luis Nassif, jornalista; Venício Lima, professor de Comunicação Social da Universidade de Brasília (UnB) e Luciano de Araújo Ferraz, professor de direito da UFMG.

Ao final deste, indico matérias da própria universidade sobre o assunto, motivo pelo qual vou me ater aos temas específicos de meu interesse. Estou tentando obter cópia da gravação para disponibilizá-la na rede, tendo sugerido ao reitor, após o término do evento, que instruísse aos responsáveis para fazê-lo diretamente, no sentido de cumprir o propósito do seminário, permitindo que outros mais tenham acesso à tão relevante e qualificada informação, apesar das naturais diferenças devidas à nossas idiossincrasias.

Após não me sentir contemplado no primeiro bloco de perguntas do público, solicitei ao reitor que me permitisse formulá-la novamente, obtendo sua gentil anuência:

“O professor Luciano Ferraz foi incisivo, ao afirmar que a notícia tem que ser verdadeira, caso contrário não será uma notícia. Acrescentou ainda que é função do autor provar que sua veracidade. E quanto ao jornalismo, ele tem que ser verdadeiro, para ser jornalismo? Ou nosso conceito de jornalismo é tão elástico que cabe qualquer coisa? Um jornalismo dependente do poder econômico, do governo ou da igreja continua sendo jornalismo? O jornalismo tem que ser independente, por definição, havendo redundância no termo ‘jornalismo independente’?”

Fiquei pensando se o fato dos debatedores terem se esquecido de minha primeira colocação não tinha por motivo evitar constrangimento ao anfitrião, ao condenar a denominação do seminário como inconsistente. O que certamente não houve, na segunda tentativa.

Todos os três convidados foram unânimes em assegurar que é impossível jornalismo independente, como o professor Luciano Ferraz defendendo que, em minha própria pergunta, já havia a expressão do meu ponto de vista sobre o assunto. Deixo para meus leitores avaliarem melhor que eu se isto é um fato, já que posso estar envolvido emocionalmente, já que não consigo percebê-lo.

Fiquei matutando se um jornalismo que não contempla todos os pontos de vista envolvidos em um tema, continuaria sendo jornalismo? Se um jornalismo que não respeita a legislação sobre a atividade ou o código de ética da categoria continuaria sendo jornalismo.

Considerando que é fácil constatar que o objetivo de uma grande empresa de comunicação é obter o lucro, manipulando a informação, atuando como um partido político, conforme Perseu Abramo, classificando-a como inimiga do povo brasileiro. Será que ela pratica jornalismo, no sentido de jornalismo público? Vem sendo usado o termo jornalismo de mercado para designar tal situação.

O jornalismo tem de ser público por definição ou o fato de visar interesses particulares e, mesmo assim, se fazer passar como idôneo, confiável e honesto, faria com que permanecesse sendo, apesar de tudo isto, jornalismo de verdade?

Assim, com tantas interrogações, em função de perceber esta situação de forma totalmente diferente de tão eminentes figuras, sinto-me um estranho no ninho. Um verdadeiro ET!

Não é difícil constatar que o maior problema do jornalismo hoje não é a obrigatoriedade ou não do diploma; nem a existência ou não de seu Conselho Federal; menos ainda o curso ministrado; mas o gigantismo do poder econômico, diante da fragilidade do profissional. Esta correlação de forças desfavorável elimina qualquer princípio ético que o profissional tiver. Perde o emprego, caso não pratique a autocensura ou a manipulação da informação para atender aos interesses comerciais de seu patrão ou de seus anunciantes.

Em função disto, apesar de ser quase impossível de se tornar realidade nesta geração, defendo a obrigatoriedade do diploma de um curso específico para empresários da mídia, com um Conselho Federal para enquadrá-lo dentro dos limites adequados. E um Conselho Deliberativo para impedi-lo de dirigir sua empresa como tem feito até agora, composto por representantes da sociedade civil e governo, como maioria dos trabalhadores e movimentos sociais.

Portanto, na mesma linha de Antonio Gramsci, considero que o verdadeiro jornalismo deve produzir modificações na base de nossa sociedade para melhor, motivo pelo qual minha definição abaixo se concentra neste ponto:

O jornalismo de fato e a mídia realmente livre investigam e divulgam, com a freqüência e ênfases adequadas, temas, idéias, fatos, pessoas e organizações que os poderosos se esforçam para esconder, minimizar ou criminalizar. O resto é assessoria de imprensa, omissão, manipulação, mercenarismo, entretenimento, mero diletantismo filosófico, conciliação de classes e/ou crime de lesa-pátria.

Estimulado pelo ambiente saudável para a franqueza mais radical, ousei distribuir ali umas 50 cópias de minha visão sobre “A Confecom e o Papel da universidade na construção de uma inexistente democracia neste país”, inclusive para os componentes da mesa: http://www.midiaindependente.org/pt/red/2009/05/447605.shtml

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